quinta-feira, 15 de abril de 2010

Onde está a caracoleta?

Bem esta é apenas uma entre milhares de histórias vividas por mim, pela Ícaro e pela Glória e o nosso gangue nos nossos gloriosos anos de adolescência...
Estavamos nós na aula de história...
O sol entrava timido pela janela (bastante baça devido à sujidade) e eu quase dormia (como em todas as aulas de história), a Ícaro devia estar entretida a escrever insultos e ameaças de morte nas mesas a quem lá tinha deixado declarações de amor e a Glória devia estar a pensar "mas como é que eu, futura doutora, acompanho com estas doidas!"
Ou seja, em tudo parecia ser mais uma aula banal mas desenganem se esta aula mudaria para sempre as nossas vidas.
Para introduzir explico ainda que Fillipino Alexandrino (que será o protagonista) era um moçoilo jeitoso nascido e criado no vale solheiro duma certa aldeia à beira rio e sentava se imediatamente à frente da secretária da professora, tendo como seu companheiro de carteira e de vida Albino Curto-Circuito.
Portanto estou eu entre o sono e a vida quando Filipino Alexandrino tem um súbito ataque de tosse, desvio pra lá o meu olhar preocupado e vejo: o moçoilo com a mão à frente da boca a tossir mas eis que uma caracoleta (ou escarreta como preferirem) atlética passa pelo interior da mão a alta velocidade e.... Aterra no meio do livro de ponto, aberto em cima da secretária...
Não posso crer, olho pra Ícaro e pra Glória e logo percebo que também assistiram ao momento emociante...
Como irá Filipino Alexandrino escapar?
Ele ainda procura confuso a caracoleta rebelde que lhe escapou por entre as mãos, até que para seu desespero percebe o seu paradeiro... Chama de imediato Albino Curto-Circuito para lhe expor a situação... Albino como sempre desembaraçado semi levanta se disfarçadamente e vai arrastando dum lado pro outro a pasta da professora (que também estava em cima da secretária), mas a caracoleta tinha dimensões assustadoras e em vez de desaparecer tinha se alastrado ao longo de toda a folha...
Enquanto isso a professora já desconfiava do meu estado tão desperto e passa a interrogar-me:
- Calimero! Diz me o que se passa!
Este momento dá a oportunidade que Curto-Circuito precisava, nas costas da professora, ele levanta-se e fecha o livro de ponto!
Todos respiram de alivio...
Quer dizer, todos menos Filipino Alexandrino que continua com um ar assustado de quem pensa "Como é que ela me escapou por entre as mãos?"
E até hoje Filipino Alexandrino vive atormentado por essa dúvida existencial...
PS: Mais tarde uma professora confidenciou nos que havia colegas seus muito estranhos e sem higiene... E confessa nos então a medo que uma vez uma sua colega de profissão até lhe entregou um livro de ponto "premiado" com uma caracoleta na folha do dia anterior. "Como terá ido a caracoleta lá parar?" disse ela intrigada.
E voilã: em homenagem a essa professora desvendei aqui, hoje esse mistério que a atormentava....

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